Apesar de eu morar em um monte alentejano que fica a mais ou menos uma hora de Lisboa, a maioria dos pedidos que recebo para trabalhos como fotógrafo de evento são para eventos na área de Lisboa, que, nos últimos anos tornou-se uma cidade muito requisitada tanto para eventos corporativos como também para eventos privados.

Como eu tenho uma formação de realizador de cinema, onde as estórias são normalmente contadas através de cenas que possuem funções narrativas e visuais muito específicas no filme como um todo, eu abordo a fotografia de eventos de maneira muito semelhante. As primeiras questões que passam pela minha cabeça são: Quais imagens captarão a essência deste evento, dando ao futuro observador das fotografias a sensação de tê-lo vivenciado? Quais são as impressões visuais mais fortes que este evento está proporcionando a seus participantes e como eu posso capturá-las da melhor maneira como fotógrafo de eventos?

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A escolha da lente a ser utilizada está totalmente ligada à situação que eu encontro em cada evento. Se o espaço do evento tem já em si um forte aspecto visual, como na foto abaixo, feita em um evento no Teatro Thalia, em Lisboa, eu opto por lentes que realçam e intensificam o caráter do espaço.

A foto abaixo é mais um exemplo do uso de uma lente grande-angular para acentuar as formas de uma cena cuidadosamente iluminada em um espaço visualmente muito rico, como a Meo Arena em Lisboa.

Há outras situações, no entanto, onde o espaço não é tão impressionante ou não foi tão felizmente iluminado. Nestes casos, eu tento criar imagens que destacam as pessoas do fundo, usando lentes com uma profundidade de campo bem pequena, como nas fotografias abaixo. Desta maneira, a atenção do(a) observador(a) é voltada muito mais para as pessoas do que para o espaço em si.

Há uma tradição na fotografia de eventos jornalística, na qual é feito uso constante de flashes montados nas câmeras. Eu nunca tiro fotos com flashes. Não há dúvidas de que flashes possam iluminar uma cena com muita eficácia. Ao mesmo tempo que iluminam, criam imagens um tanto quanto rasas, sem profundidade, devido à direção da sua fonte de luz em relação à câmera e aos sujeitos fotografados, cujas formas e texturas são neutralizadas e restringidas a uma rasa bi-dimensionalidade. Cada evento tem uma atmosfera muito própria e a iluminação é um dos fatores mais importantes responsáveis pela criação desta atmosfera. A utilização de um flash eliminaria quase que totalmente este elemento das imagens, fazendo diferentes eventos aparecerem sempre da mesma maneira nas fotografias.

No âmbito da fotografia de eventos, eu não vejo a mera documentação do evento como a minha única tarefa. Como fotógrafo de eventos, eu sempre estou à procura de criar imagens esteticamente agradáveis, visualmente ricas que não somente reproduzem o que acontece em cada evento, mas que também adicionam uma dimensão mágica ao evento que só a fotografia, porque pode congelar o tempo, pode criar.